sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Sevdaliza Enfeitiçou o Capitólio em Lisboa

Sevdaliza regressou na noite passada a Portugal, para um concerto em nome próprio no Capitólio em Lisboa, após passagens pelo Vodafone Mexefest e pelo Super Bock Super Rock. O Ouvido Alternativo esteve presente e saiu rendido, contagiado e rendido ao encanto de Sevda Alizadeh...
Recuando no tempo, por incrível que pareça Sevda já foi jogadora de basquetebol, tendo mesmo saído de casa aos 16 anos, para se dedicar integralmente ao desporto, tudo graças a uma bolsa de estudo. Contudo não tardou a perceber que o seu sonho era a música. 
Conhecemo-la no início de 2016, tendo integrado a nossa categoria "Almost Famous". Após termos perdido os concertos prévios no nosso país, chegou finalmente a hora do nosso encontro com a autora de "Hero".
Praticamente à hora marcada, (aliás no Capitólio a pontualidade tem sido exemplar) e após uma introdução instrumental com um toque de obscuridade, Sevdaliza entra em palco. Logo desde aí, percebe-se que o público português já se deixou contagiar pelo talento da cantora e compositora holandesa, natural no Irão. "És Linda", "Amo-te", "O Meu Coração é Teu", ouve-se entre alguns gritos de histerismo apaixonado. 
Um vestido branco esvoaçante, os braços cobertos por sensuais luvas compridas e uma voz de arrepiar, é assim que Sevdaliza entra em palco, interpretando "Voodoov", extraído do novíssimo EP "The Calling", editado este ano.
No ano transacto, lançou o seu registo de estreia "ISON", que figurou na nossa lista de melhores discos de 2017 e que foi o grande destaque deste concerto não faltando temas como "Libertine", "Scarlette" e a intensa "Human" (um dos momentos mais altos da noite), com telemóveis ao alto, para gravar e eternizar o momento.
Em palco faz-se acompanhar por bateria, teclas/sintetizadores, violoncelo e uma bailarina que nos conquista e delicia com todo o sentimento que transporta consigo e com a delicadeza com que se movimenta entre o ballet e a dança contemporânea.
Sevdaliza, utiliza a música como forma de exprimir a sua arte e não é de todo improvável que por vezes nos relembre FKA Twigs. 
Primeiro convidou-nos para o seu mundo, de seguida incorporando o espírito de Xerazade, d'As Mil e Uma Noites, serpenteou pelo palco e hipnotizou-nos, após nos lançar um feitiço ao som de "Human Nature". Seguiu-se "Soothsayer", na primeira incursão de Sevda sentada ao piano.
Ao vivo são diversos os adjectivos que nos ocorrem mas destacamos o misto que sentimos entre poder e fragilidade, ora sedutora, ora angelical, ora demoníaca. A sua sonoridade é uma mescla de trip-hop, rℰb, pop e electrónica, com um toque de psicadelismo.
À toada dançante de "Darkest Hour", seguiram-se dois temas novos com a psicadélica e estonteante "Rhode" e a íntima "Key", com Sevda novamente ao piano. "Rhode" foi mesmo o momento da noite para nós, com uma câmara apontada ao rosto de Sevda e a imagem transmitida no grande ecrã. Podemos ver todos os seus poros, todas as suas perfeitas imperfeições e a profundidade de um olhar que nos seduziu. Não podemos esquecer o "epiléptico" jogo de luzes que estremeceu a baixa lisboeta e nos fez por breves momentos descer às trevas. Ao vivo a sua voz é absolutamente delirante, por breves momentos alguns melismas e variações, demonstram uma impressionante amplitude vocal. Em disco, a beleza e o poder da sua voz, pode passar despercebida, mas ao vivo é um factor incontornável. 
Para o fim ficou guardado mais uma pérola, com a inevitável "Marilyn Monroe", num momento de perfeita comunhão e interacção entre Sevdaliza e a sua bailarina, que nos arrebatou a alma. Agradeceu de forma sentida a todos aqueles que nunca a abandonaram (os fãs), mesmo quando o mundo se retraiu perante si. Saiu do palco, mas o êxtase era tanto que havia de voltar.
Regressou para um encore servido ao som de "Loves Way", desceu do palco recebeu o carinho da plateia e despediu-se visivelmente emocionada. Este concerto serviu para comprovar o que já antevíamos no início de 2016, Sevdaliza veio para ficar e é um nome que iremos seguir com atenção, deixando a sua música bem junto do nosso ouvido...

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