sexta-feira, 3 de abril de 2015

Royal Blood Ao Vivo no Coliseu De Lisboa


Os Royal Blood estrearam-se ontem à noite no nosso país, para um concerto há muito aguardado, relembramos que o concerto estava inicialmente agendado para Novembro, no Armazém F, no entanto foi adiado por motivos de saúde da banda e devido à elevada procura de bilhetes foi transferido para o Coliseu de Lisboa.

A primeira parte ficou a cargo da banda punk inglesa Bad Breeding, apesar de intensos, esforçados e energéticos, ficamos com a sensação de alguma descoordenação e falta de harmonia musical, o que resulta num som desconexo onde os instrumentos parecem desligados entre si, não temos dúvidas que será aperfeiçoado com a experiência. Mal termina o concerto dos Bad Breeding o público mostra a razão de estarem ali, entoando a plenos pulmões: "Royal Blood! Royal Blood!".
O duo inglês formado apenas em 2013 e com um único disco editado em 2014, álbum esse que figurou nos melhores do ano para o ouvido alternativo, é composto por Mike Kerr (voz e baixo) e Ben Thatcher (bateria) e causaram um impacto estrondoso no Reino Unido, sendo vistos por muitos como os salvadores do Rock. O ouvido alternativo tinha muitas dúvidas antes do concerto se iniciar: "a falta de experiência notar-se-ia?", "será possível uma banda ter ao vivo a intensidade que demonstra em disco sem uma guitarra, apenas com um baixo e uma bateria?", "serão os Royal Blood os próximos embaixadores do Rock?";
As respostas são: Não, Sim e Muito Provavelmente.
Pouco passava das 22h quando a banda surge em palco com postura confiante e arrasadora, após as duas primeiras músicas "Hole" e "Come on Over" já o público estava rendido e nós não fomos excepção, o concerto prosseguiu sempre a todo o gás, sem pausas, rock puro e duro e um coliseu ao rubro ao som de "You Can Be So Cruel", "Figure It Out", "Better Strangers" e "Little Monster". Elogiam o público português, ostentam uma bandeira e um cachecol de Portugal que alguém na audiência lhes ofereceu, relembram que este é o último concerto da digressão e que por isso é revestido de um carácter especial, comunicam o suficiente, mas não em demasia, porque todas as pessoas que se deslocaram ao Coliseu de Lisboa queriam Rock, Mosh e saltar sem parar. "Blood Hands", "One Trick Pony", "Careless" e "Ten Tonne Skeleton" continuam a ser debitados sempre em alta rotação, o concerto não tem momentos baixos, e decorre intenso, explosivo e acima de qualquer expectativa. 
Antes de encerrarem o concerto, tempo ainda para "Loose Change" e terminar com chave de ouro com o primeiro single que editaram em 2013 "Out of The Black". Pouco mais de uma hora e sem direito a encore, foi suficiente para vermos as nossas questões respondidas, a falta de experiência, é superada com muito empenho, entusiasmo e agressividade, apesar de serem apenas dois em palco, um baixo e uma bateria, provam que são suficientes para preencherem e incendiarem qualquer palco, Mike Kerr possui uma voz profunda e com um alcance incrível e toca baixo de uma forma que muitas vezes nos faz lembrar a sonoridade de uma guitarra, mas Ben Thatcher, não lhe fica nada atrás conseguindo extrair da bateria um som crú que soa a anos 90, ficamos constantemente com a sensação que a bateria vai-se partir a qualquer momento e não vai aguentar tanta energia. Depois de terem feito primeiras partes de Arctic Monkeys, preparam-se para tocar na terra natal num concerto especial que junta Iggy Pop e Foo Fighters no Estádio de Wembley. 
O ouvido alternativo ficou absolutamente rendido, há muito tempo que não assistíamos a um concerto tão arrebatador, sem falhas e sempre em alta rotação. O público português ficou com certeza sedento por um regresso, que esperemos seja próximo, ontem à noite o Coliseu incendiou e quase desmoronou perante uns Royal Blood mais que perfeitos e que se assumem como uma das bandas que manterá  o rock vivo e de boa saúde.

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