Estivemos à conversa com Simão Palmeirim, a voz e a guitarra de Não Simão, ao qual se junta Pedro Fernandes no baixo, José Anjos na bateria, Raquel Martins no saxo barítono e Marco Alves no trombone de vara. Simão confessou-se admirador de James Blake e Keaton Henson, gostaria de abrir um concerto para José Mário Branco e/ou Fausto, no entanto isto é apenas uma amostra do que vão descobrir a seguir em mais uma edição de "Conversas d'Ouvido".
Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Simão Palmeirim: Surgiu como surge sempre: num supermercado, ao lado dos enlatados. Ajudou ter em casa pais que ouviam muita música, de muitos géneros e muito alto. Com o passar dos anos, ouvir música tornou-se um vício, fazer música um privilégio.
Como surgiu o nome Não Simão?
É o que qualquer Simão mais ouve na vida suponho…
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
A geometria e a arte.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Como vantagem temos os nossos pais sempre preocupados connosco, o que é bom. Como desvantagem temos os nossos pais sempre preocupados connosco, o que é mau.
Quais as vossas maiores influências musicais?
Em não simão temos gostos e heranças musicais bastante distintas. Sem querer falar demais pelos outros e fazer generalizações redutoras, vou fazê-lo: diria que as minhas influências são maioritariamente do cancioneiro nacional; as do Pedro Fernandes (baixo) são do funk; as do José Anjos (bateria) são do rock; as do Marco Alves (trombone de vara) e da Ana Raquel (saco barítono) são tanto, do que habitualmente se chama músicas do mundo como da formação clássica. Acho que é disto que vive um certo eclectismo sonoro que temos nas canções.
Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Costumo ouvir CDs no hi-fi em casa, que é um hábito que se tem perdido pelo que vou percebendo (o que a meu ver é pena) com a prioridade que se dá à portabilidade dos aparelhos de som (que têm aspectos positivos imensos também). Quando estou a trabalhar oiço álbuns disponíveis no youtube. Oiço em vinil o que tenho em vinil, quando me apetece e, se quiser alguma coisa específica procuro online.
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Não tenho uma resposta estruturada para isso, nem acho que se possa polarizar assim a questão; mas suponho que simultaneamente abre portas a músicos (ou artistas ou performers etc.) que podem, com menos recursos expor as suas produções a um público considerável, ao mesmo tempo é evidente que se produzes e pagas (e não é barato) para lançar um álbum sozinho, queres que as pessoas te paguem pelo trabalho que realizaste. Dito isto, seria competência das editoras/produtoras de grande dimensão encontrar soluções que levem a que o público sinta que vale a pena pagar por um CD (por exemplo) e que levem os músicos a querer fazer parte do projecto editorial que defendem sem serem explorados. Ao mesmo tempo imagino que gerir uma companhia desse género deve ser bem complexo. O streaming não vai matar nem salvar nada, tal como o vídeo não matou a estrela de rádio. A tecnologia evolui e a arte usufrui disso, o mesmo acontece ao contrário.
Qual o disco da tua vida?
Todos os dias é um diferente.
Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Os dois álbuns (2011 e 2013) do James Blake e os dois álbuns do Keaton Henson (2010 e 2013) viciaram-me bastante recentemente.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Depende do que estou a fazer, mas enquanto respondo a estas perguntas oiço Kaushiki Chakraborty no youtube. Tenho ouvido alguma música clássica indiana que não conhecia e estou a aproveitar.
Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Inventar letras, é sempre embaraçoso e produtivo ao mesmo tempo.
Com que músico gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Tantos…
Para quem gostarias de abrir um concerto?
José Mário Branco ou Fausto.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias de um dia actuar?
Todos, cheios de gente a curtir.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Talvez o que juntou o Norberto Lobo e o Carlos Bica, na Culturgest, há uns anos atrás. Foi mágico. Cada caso é um caso, mas esse está sempre na minha memória.
Que artista ou banda mais gostarias de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Radiohead.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) que gostarias de ter estado presente?
Aqueles serões entre o stand-up, a bebedeira generalizada e os músicos incríveis que acompanhavam The Rat Pack.
Qual o teu guilty pleasure musical?
Evito culpas no que concerne a gostos.
Projectos para o futuro?
A edição do primeiro álbum. Estamos entusiasmados.
Próximos concertos?
Titanic Sur Mer em Lisboa, no feriado de 10 de Junho.
Que música gostavas que tocasse no teu funeral?
Não vou estar lá nesse dia por isso podem escolher à vontade.
Obrigado pela atenção, boa sorte para o futuro.
Relembramos que podem acompanhar o trabalho de Não Simão através da plataforma soundcloud.
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