sábado, 28 de maio de 2016

Conversas d'Ouvido com Throes + The Shine

Os Throes + The Shine são os novos convidados das "Conversas d'Ouvido", o projecto musical que juntou os portugueses Throes aos angolanos The Shine, fundiu o rock e kuduro num estilo chamado "rockduro". Igor Domingues, Marco Castro e Diron Romão actuam hoje em Guimarães, mas arranjaram tempo para responder às nossas questões e confessaram-nos que gostariam de abrir um concerto para os Buraka Som Sistema, Crystal Fighters ou Bomba Estéreo. Também quisemos saber, entre outras coisas, o que andam a ouvir de momento, mas tudo isto pode ser descoberto a seguir em mais uma edição de "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Throes + Shine: É algo que nos acompanhou desde cedo. É natural que no nosso seio hajam backgrounds muito diferentes. Uns cresceram em Portugal, outros em Angola, mas é um bichinho que se foi implementando nos tempos de criança em alguns, nos inícios da adolescência noutros.

Como surgiu o nome Throes + The Shine?
O nome Throes + The Shine surgiu por uma vontade inicial de afirmar um encontro de culturas e sonoridades distintas, o abrigo de duas identidades muito diferentes debaixo de um único tecto. Hoje em dia é uma simbiose total, que esta explicação acaba por fazer sentido quando estamos a falar da génese da banda.

Ainda existem os Throes e os The Shine individualmente? Ou as vossas atenções estão nos Throes + The Shine?
De momento nenhum dos projetos se move individualmente. As nossas maiores atenções estão focadas em Throes + The Shine, no entanto encontramo-nos todos a fazer outros projectos que poderão ouvir no futuro. É uma forma de tornarmos o nosso léxico musical mais rico, algo que poderá tornar a música de Throes + The Shine ainda mais interessante. A nossa esperança é essa, pelo menos.

Para além da música, têm outra grande paixão?
Pergunta complicada, mas todos nós estudámos áreas bem diferentes da música como a biologia, a arquitectura paisagista ou economia. Mas fora estes lados mais profissionais, cada um de nós tem paixões muito diversas. Vão do cinema, às viagens, à dança, à literatura. Enfim, o que nos for enriquecendo.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é poderes dar uma liberdade grande à tua mente, fazes o que te apaixona e crias algo perpétuo. E viajar, é uma coisa que todos nós nos sentimos felizardos por fazer quase todos os meses com Throes + The Shine. A grande desvantagem talvez seja o desafio que é gerir uma vida desta forma, sem uma rotina fixa em muitos aspetos, especialmente num país onde os apoios culturais não abundam.

Quais as vossas maiores influências musicais?
As nossas influências vão variando bastante. Desde o início da banda que isso se foi moldando. No lado do Igor e do Marco, no início do projeto, havia um gosto bem mais aguerrido pelo rock, coisa que se foi mudando ao longo destes últimos 4 anos. Hoje em dia há uma ligação muito mais forte à world music, à electrónica e à pop nos nossos hábitos musicais. E o mesmo se vai aplicando no caso do Diron, mas num outro espectro, onde havia uma maior ligação ao kuduro puro, ao afrobeat e ao semba, que hoje em dia se expandiu muito mais para outros campos também. Campos como o rock, a electrónica, o hip-hop e a world music, por exemplo.

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Actualmente acabamos todos por usar muito mais os serviços de streaming (pagos). A comodidade é inegável. Mas também tiramos um prazer extra de adquirir aqueles CDs ou LPs especiais. O ritual de abrir o celofane, colocar no leitor, apreciar o artwork com as próprias mãos… É diferente de carregar num simples botão e ouvir as músicas que estão na cloud.

O streaming está a matar” ou a salvar” a música?
O streaming não está a matar nem a salvar a música. É uma solução que traz mais benefícios do que o contrário. A realidade é que para as bandas de pequena ou média dimensão, as vendas tornaram-se em algo quase indiferente para seguirem a sua vida. E estes serviços, com as dezenas de milhões de utilizadores que já possuem, acabam por contribuir para um acréscimo nos royalties deste tipo de bandas. Claro que são valores baixos para a real justiça das coisas, mas antes isso que ir tudo para a pirataria.

Qual o disco da vossa vida?
Diron: Africa Negra - "Carambola"
Igor: Sepultura - "Roots"
Marco: Daft Punk - "Homework"

Qual o último disco que vos deixou maravilhado?
Diron: Daniel Haaksman - "African Fabrics"
Igor: Alt-J - "An Awesome Wave"
Marco: Anohni - "Hopelessness"

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
Diron: Papa Wemba
Igor: Shadow Child
Marco: Jarreau Vandal

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Não são muitas, mas alguns de nós já caíram em palco. Outros já vomitaram. Ossos do ofício, nada que tivesse feito o concerto parar!

Com que músico gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Com o David Bowie, o Prince ou o Michael Jackson.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Bomba Estéreo, Crystal Fighters ou Buraka Som Sistema. São três bandas com que nos identificamos imenso e que também adoramos ver tocar.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Coachella ou o Glastonbury. Apesar de já termos passado por festivais comparáveis, estes dois têm uma simbologia difícil de ultrapassar.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Igor: Flying Lotus no Down The Rabbit Hole, na Holanda.
Diron: Major Lazer no Lowlands Festival, na Holanda.
Marco: Run The Jewels no Roskilde Festival, na Dinamarca.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Igor: Bomba Estéreo
Diron: Africa Negra
Marco: LCD Soundsystem

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostavam de ter estado presente?
Igor: O concerto de “despedida” dos LCD Soundsystem no Madison Square Garden.
Iron: Tunjila Tua Jokota em Luanda.
Marco: 808 State num armazém qualquer no final da década de 80.

Qual o vosso guilty pleasure musical?
Diron: Imagine Dragons
Igor: Guns N’ Roses
Marco: Drake

Projectos para o futuro?
No futuro queremos dar ainda mais concertos, conhecer mais países com a nossa música e criar temas e discos cada vez melhores. E claro, abraçar outros projectos que possam fazer evoluir a nós e a Throes + The Shine.

Próximos concertos?
Hoje no Centro Cultural Vila Flor com Moullinex, no início de Junho actuamos na Europa e regressamos a Portugal, para o Nos Alive.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Diron: um lamento tradicional de Angola
Marco: Hood - "Lines Low To Frozen Ground"

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Os Throes + The Shine editaram recentemente o novo disco Wanga, ficamos agora ao som do single "Capuca", que conta com a colaboração especial do músico Pierre Kwenders.

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