É uma honra para nós apresentarmos o mais recente convidado de "Conversas d'Ouvido", Tiago de Oliveira Cavaco, mais conhecido como Tiago Guillul, cantor, compositor, pastor Baptista e membro fundador da editora independente FlorCaveira, fundada em 1999 e que "descobriu" nomes como Os Pontos Negros, Diabo na Cruz e Samuel Úria. Ultimamente ficou rendido ao mais recente disco de Benjamim Auto Rádio e no seu funeral gostava que tocasse "Império" de Samel Úria, no entanto há muito mais para descobrir nesta edição de "Conversas d'Ouvido"...
Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Tiago Guillul: Não sei resumir com justiça a importância que a música tem para mim. Mas posso dizer que os momentos em que via a minha irmã Rute, 5 anos mais velha que eu, a ouvir a Rádio Cidade quando ainda era uma estação pirata na Amadora ilustram parte do processo que contribuiu para amar música.
Como surgiu o nome Guillul?
O nome Guillul surgiu quando, no final dos anos 90, numa aula do Seminário Teológico Baptista, um professor explicou que cavaco (pedaço de madeira) se dizia "guillul" em hebraico. Uma colega disse-me logo: "Tu és o Tiago Guillul", o que me pareceu uma designação poeticamente mais promissora que o meu nome de origem.
Como encaras o facto de a FlorCaveira ter em certa medida revolucionado a música em Portugal? Quando surgiu foi uma autêntica “pedrada no charco”.
O reconhecimento da FlorCaveira é posterior ao aparecimento dela. O reconhecimento acontece quase uma década depois de ela nascer. Se a FlorCaveira revolucionou a música portuguesa não foi por ter trazido nada de novo, mas por ter trazido coisas antigas que na altura pareciam inexistentes. Acreditávamos e acreditamos em canções em que as letras não são decorativas (e que devem ser entendidas na língua que falamos todos os dias), e acreditávamos e acreditamos que as limitações de meios não têm de ser um problema mas podem ser um caminho criativo (daí insistirmos no do it yourself).
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
A paixão da minha vida é a palavra. A palavra pregada, escrita e cantada.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Por causa de dedicar-me à palavra, sou um músico mas não sou apenas um músico. Sou um pregador que também escreve. Logo, não vivo apenas como músico. Não tenho desvantagens vindas do facto de ser apenas músico.
Quais as tuas maiores influências musicais?
Para todos os músicos da FlorCaveira há uma resposta acerca de referências musicais: Bob Dylan, Johnny Cash e Leonard Cohen. É um dogma.
Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor de mp3?
O CD ainda é a maneira de ouvir música mais atentamente para mim. Um CD no carro.
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
O streaming não está nem a matar nem a salvar a música. É apenas mais um meio através do qual ela pode ser ouvida.
Qual o disco da tua vida?
Tenho uns quantos discos da minha vida. "In God We Trust" dos Stryper, "RDP Vivo" dos Ratos de Porão, "Nevermind" dos Nirvana, são alguns exemplos possíveis.
Qual o ultimo disco que te deixou maravilhado?
Cheguei quase um ano depois a ele mas o "Auto-Rádio" do Benjamim é um grande disco.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
A minha descoberta dos últimos tempos é o Filipe Sambado. Deu o melhor concerto que vi nos últimos tempos, no Sabotage, no ano passado, com um estalo rock incrível. O disco dele, "Vida Salgada", que ando a ouvir, sendo menos rock, é um disco muito bom.
Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Acho que nunca me aconteceu uma situação num concerto que possa chamar embaraçosa.
Com que músico gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Não sou de duetos. No geral, não aprecio duetos. Para mim um dueto é o Kenny Rogers com a Sheena Easton. Nessa linha, não me perfilo para duetar com ninguém.
Para quem gostarias de abrir um concerto?
Gostava de abrir para o Bruno Morgado.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias de um dia actuar?
Não há nenhum palco que tenha essa importância simbólica para mim. Sou mais de ambicionar tocar em sítios onde à partida não se espera um concerto. É mais punk.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Um dos melhores concertos que assisti na vida foi o Goran Bregovic em Belém - um concerto à pala.
Que artista ou banda mais gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Gostava de ver os Rancid ao vivo.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) que gostavas de ter estado presente?
Gostava de ter visto os primeiros concertos dos Heróis do Mar.
Qual o teu guilty pleasure musical?
I don't believe in guilty pleasures.
Projectos para o futuro?
Tocar o "Bairro Janeiro" numas quantas actuações pequenas.
Próximos concertos?
Braga, 27 de Maio.
Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
“Império” de Samuel Úria
Obrigado pela atenção e boa sorte para o futuro.
Relembramos que Tiago Guillul regressou este ano, com novo disco, Bairro Janeiro, gravado na Igreja da Lapa por Luís Severo e que pode ser ouvido na plataforma Youtube.
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