terça-feira, 21 de março de 2017

Conversas d'Ouvido com Lugares Vivos

Cuba, Suíça, jazz e ritmos brasileiros encontram-se em simbiose perfeita na sonoridade dos Lugares Vivos, banda que quisemos conhecer um pouco melhor numa entrevista descontraída.
Os Lugares Vivos são Lobosch Grüter (bateria), Carlo Menet (guitarra), Ornella Ponnaz (teclas) e NuLyra (voz, baixo). No ano passado editaram o primeiro LP, Mundos Hoy, este ano preparam-se para descobrir Portugal com uma digressão agendada para o próximo mês de Maio. Os Lugares Vivos são assim os mais recentes convidados das Conversas d'Ouvido pela voz de NuLyra...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
NuLyra: Sou de Cuba, portanto cresci rodeada de música. O meu pai é um cantautor que sempre tentou desafiar a estética popular. Acho que a primeira manifestação desta paixão foi escutar música e, ao mesmo tempo, reagir a ela cantando e dançando. A música tem-me colocado num estado de pura felicidade desde que me recordo.

Como surgiu o nome Lugares Vivos?
Acho que o nome Lugares Vivos surgiu porque era uma das minhas primeiras canções em que achámos que descrevia muito bem o espírito da nossa música e que, ao mesmo tempo, era perfeito enquanto nome de banda porque podia representar várias coisas, visto tratar-se de uma pluralidade. Depois comecei a pensar sobre isso e veio-me à mente a ideia de que a música pode transportar-te a vários lugares específicos no tempo, então o tempo e o espaço transformam-se num só. Está viva, interage contigo e coloca-te numa outra esfera.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical, ou melhor a vossa mescla musical?
Uma mistura das nossas inspirações e daquilo que elas nos fazem criar. Chamamos-lhe “Pulsação da Terra”. É como sonhar e acordar ao mesmo tempo.

Têm uma digressão agendada para Portugal, o que esperam desses concertos?
Boas plateias, palcos bonitos, bom som e a possibilidade de regressar em breve.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
A consciência, compreender a nossa experiência humana, a vida em geral e partilhá-la com as outras pessoas.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A vantagem é poder tocar as pessoas de uma forma profunda. A desvantagem é estar na maioria das vezes sem dinheiro! (risos).

Quais as tuas maiores influências musicais?
Música afro cubana, Música Popular Brasilera (MPB), Soul, Jazz, Pop, Reggae e música africana como Djavan, Síntesis, Erykah Badu, Oumou Sangaré...

Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Em vinil, mas uso maioritariamente o mp3.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
A música não é algo que as pessoas possam matar e não vejo as coisas preto no branco. O streaming tem as suas vantagens, como a disponibilidade de uma enorme quantidade de armazenamento musical que de outra forma não poderíamos ter acesso. Penso, no entanto, que os músicos precisam de ser mais reconhecidos e pagos do que aquilo que são actualmente nestas plataformas.

Qual o disco da tua vida?
Está sempre a mudar, mas tenho ouvido bastante “Gagabirô” de João Bosco.

Qual o último disco que vos deixou maravilhada?
“Take Her Up To Monto” de Róisín Murphy.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Frank Ocean, música tradicional etíope, música de Soweto, La Yegros, Hiatus Kaiyote, Mick Jenkins, Tinariwen, Sampa the Great, Skip and Die e Ndagga Rhythm Force.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Uma em que algumas pessoas se riam de nós, o que me deixou bastante irritada.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Com o Djavan.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Björk, Hiatus Kaiyote, Little Dragon, James Blake, Ndagga Rhythm Force, Georgia Anne Muldrow, Erykah Badu, La Yegros, Flying Lotus, Thundercat, João Bosco, Djavan, etc.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
O Zócalo mexicano.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
O Djavan ao vivo em Zurique.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Björk, Little Dragon, Oumou Sangaré e James Blake.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Thelonious Monk ao vivo com John Coltrane.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Bomba Estéreo.

Projectos para o futuro?
Auto-produzir, mais electrónica e mais música dançável.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Que canções cantas no chuveiro?
“Kimbra’s Wish”, de Kimbra.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"The Modern Things", de Björk.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Ficamos agora ao som dos Lugares Vivos e do single "Canto Fugaz"

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