sábado, 10 de junho de 2017

Conversas d'Ouvido com Make Make


Entrevista com a banda brasileira de rock alternativo Make Make. O quinteto proveniente de São Paulo é composto por Diego Henri (guitarra, voz), Norton Bell (sintetizadores, voz), Danilo Bonini (bateria) e Fernando Hound (baixo). A banda prepara-se para editar o álbum de estreia Velhas Teorias Sobre o Sol, mas já têm novos planos para o futuro. Contudo nesta conversa descontraída falamos também do passado e do presente dos Make Make…

Como surgiu a paixão pela música?
Norton (N): Desde pequeno quando ouvia fitas cassete dos meus irmãos com A-ha, Rolling Stones e Gipsy Kings.
Diego (Di): Meu pai tornou a música algo presente em minha vida. Desde pequeno ele tocava os discos de bandas de rock no rádio do carro e eu tentava acompanhar a bateria batendo no painel.
Fernando (F): Quando era criança já me interessava muito por música em geral. Com 7 anos comecei a tocar violino e aos 13, quando me enveredei pelo rock, comecei a tocar baixo.
Danilo (Dan): Desde pequeno, através dos meus pais principalmente, que sempre gostaram de música. O som dos instrumentos sempre chamou atenção.

Como surgiu o nome Make Make?
N: Make Make é um Deus representativo da Fertilidade na Cultura Aborígene do povo que viveu na Ilha de Páscoa. A pronúncia correta é "Maqüê Maqüê" mas se escreve desta forma com o "K". Enquanto procurávamos por um nome que nos representasse, nos deparamos com este que tinha uma sonoridade interessante e  satisfez nossa atual busca por um significado pungente do que é a "Vida". Busca esta representada música após música em nosso disco de estreia que se intitula "Velhas Teorias sobre o Sol". Logo o Deus Make Make (representação do Deus-Sol na cultura Rapanui) se qualificou como um excelente nome para nos representar artisticamente. 

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
N: Somos basicamente uma banda de Rock mas que com elementos electrónicos nos impulsionando a alçar outras esferas musicais além do Rock nu e cru.
Di: O estilo musical da Make Make é difícil de descrever. É rock independente com riffs de guitarra, sintetizadores marcantes, bateria ritmada, baixos mirabolantes. Você poderia chamar de Pop Rock Eletro Punk em português eu acho.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
N: Leio muitos livros de qualquer assunto e coleciono HQ,s (Banda Desenhada em vosso país.) 
Di: Idiomas. Gosto muito de estudar inglês, também já fiz espanhol e tenho interesse pelo alemão e o italiano, mas não consegui me organizar para aprender estes dois últimos. Gosto de procurar gente falando idiomas na internet só para ver como soa.
F: Futebol. Sou fanático pelo Santos Futebol Clube e gosto de assistir jogos de futebol tanto nacional, quanto internacional.
Dan: Sempre gostei muito de carros também por influência de meu pai que teve oficina durante toda minha infância.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
N: As desvantagens surgem quando não encaramos a música como alimento para a alma. As vantagens são este alimento. "Músicos alimentem vossas almas com música!!!"
Di: A maior vantagem é trabalhar com algo que você mesmo cria. Você mesmo faz o conceito, a música, as intenções, tudo do jeito que você acha melhor, e isso é magnífico. Uma desvantagem talvez seja a dificuldade de inserção na indústria fonográfica. Criar público e chamar atenção não é fácil, principalmente na atualidade onde muitas pessoas preferem ficar em casa com tantas opções de entretenimento digital.
F: A sensação de estar em estúdio ou em cima do palco é algo indescritível. Só quem é músico entende a emoção de trabalhar sua arte e transformá-la em canção. A desvantagem é o fato de ser um trabalho desvalorizado, pelo menos no Brasil.
Dan: A grande vantagem talvez possa ser fazer um pouco do que seus grandes ídolos fazem, ou próximo disso.
A principal desvantagem é uma rotina incerta em vários aspectos como horários e renda.

Quais as vossas maiores influências musicais?
N: Tudo de Pink Floyd e dos The Doors. E no caso do disco "Velhas Teorias Sobre o Sol" me inspirei muito no trabalho do primeiro disco dos Klaxons, o "Myths of the Near Future"
Di: As minhas maiores são Pixies, Arctic Monkeys, The Strokes, Queens of the Stone Age e Red Hot Chili Peppers
F: Minha escola no rock vem do punk dos Ramones e The Clash, mas bebo muito do indie rock também.
Dan: Metallica, Pantera, System of a Down seriam as principais bandas.

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
N: CDs
Di: Streaming
F: Em casa CDs e vinil. No trabalho geralmente streaming.
Dan: Não tenho muito apego ao formato, mas pela facilidade e o avanço dos equipamentos, ouço muito através do mp3.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
N: O streaming é uma forma de divulgação de sua música. Quem sabe se divulgar não tem como morrer. A diferença é que não se arrecada tanto dinheiro quanto antes com a venda de cd's, mas isto também nunca foi algo que rendeu os honorários para o músico de fato… Creio que quem mais sofreu com isso foram as grandes gravadoras. 
Di: Salvar. O streaming é uma solução à pirataria de música em formato físico. A indústria vendia um produto e agora está migrando para um serviço, acho o streaming extremamente necessário.
F: Acho que um pouco de cada. Ao mesmo tempo que ele democratiza e coloca muita coisa ao alcance das pessoas, ele também deixa a relação do público com a música mais volátil, não existe mais aquele momento de parar, ouvir música, ler as letras, pegar a melodia e curtir aquilo mais profundamente.
Dan: Existem os dois lados porém muita coisa sem qualidade vem a tona com a facilidade da Internet, isso prejudica muito.

Qual o disco da vossa vida?
N: Dark Side of The Moon
Di: First Impressions of Earth - Strokes
F: Road To Ruin - Ramones
Dan: “The Black Album” do Metallica é um disco que gosto de todas as músicas mesmo não tendo a pegada rápida característica do Metallica.

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
N: O último álbum do Radiohead - "A Moon Shaped Pool"
Di:  Klaxons – Myths of The Near Future
F: O último álbum que me prendeu é de uma banda mod brasileira do início dos anos 2000 chamada Laboratório S.P. e o disco chama “Sob o Céu de São Paulo”.
Dan: Mesmo já sendo um velho conhecido, estou ouvindo de novo como se fosse novo. Rust in Peace do Megadeth. 

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
N: Estou ouvindo e redescobrindo a discografia do The Mars Volta. A descoberta musical mais recente foi a banda. 
Di: Them Crooked Vultures  
F: Tenho ouvido muito rock psicodélico e mod revival. Minha última grande descoberta é também uma banda brasileira chamada Molodoys, que tocou connosco há uns dois meses.
Dan: Black Label Society e Miss May I 
A última banda que ouvi que me chamou atenção foi Shinedown.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
N: Em nosso primeiro show meu teclado caiu do palco, mas fui ajudado por uma das pessoas que assistiam o show. Mas dei como recompensa/lembrança um fader do meu instrumento que se deslocou com a queda. (risos)
Di: Recentemente o baixo do Fernando começou a dar mal contato na segunda música de um show, e ficamos o show inteiro tocando com o baixo sumindo no meio das músicas.
Dan: No primeiro show que fiz, na escola em que estudava no ensino médio a pele do bumbo estourou na segunda música e o show se encerrou ali. Foi frustrante.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
N: No Brasil existe um grande artista que me inspiro por vezes para compor, que se chama Herbert Vianna, dos Paralamas Do Sucesso. Acho que se encaixaria connosco em uma das nossas canções. 
Di: Nação Zumbi.
F: Pensando no nosso trabalho, eu gostaria de trabalhar com os Titãs, uma banda brasileira que admiro muito.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
N: Seguindo o raciocínio da pergunta anterior. Abrir um show dos Paralamas do Sucesso seria gratificante.
Di: Nação Zumbi
F: Bom, se for para sonhar, no segundo semestre deste ano o Green Day vem ao Brasil para uma série de shows. Seria demais fazer a abertura do concerto deles.
Danilo: Arctic Monkeys 

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
N: Internacional: Coachella - Nacional: Popload
Di: Lollapalooza Brasil
F: Nacional: Festival Do Sol ou Bananada - Internacional: Gosto dos pequenos clubes de música europeus, uma tour tocando em vários locais assim seriam a realização de um sonho.
Dan: Com certeza no Rock in Rio.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
N: A apresentação do Radiohead no Festival "Just a Fest" em 2009 foi uma obra prima !!!
Di: Green Day
F: Difícil nomear o melhor, mas certamente os Rolling Stones em 2016 foi um dos mais marcantes.
Dan: Pessoalmente Metallica em São Paulo.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
N: Nick Cave & The Bad Seeds (pra citar apenas uma)
Di: Pixies
F: The Who! Espero concretizar esse sonho esse ano.
Dan: Atualmente como baterista, System of a Down, Slipknot e Sepultura.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
N: A última edição Festival da Ilha de Wight que reuniu num mesmo sábado bandas como The Who e The Doors.
Di: Em qualquer show do Nirvana
F: Gostaria de ter vivido em 1977 na Inglaterra para ver a tour que juntou The Clash, Sex Pistols e The Damned.
Dan: Woodstock.

Qual o vosso guilty pleasure musical?
N: Gipsy Kings (gosto muito de música cigana/flamenco) 
Di: Eu gosto de algumas músicas do Comedown Machine, o disco mais brega do The Strokes.
F: Ouço muita coisa e não tenho preconceito, nem vergonha, mas provavelmente alguns me condenariam por gostar de Claudinho & Buchecha. Eles são uma dupla de MC’s dos anos 90, que foram conhecidos no início do que hoje é chamado de funk carioca.

Projectos para o futuro?
N: Escrever um Livro.
Di: Quero que a banda grave mais álbuns, faça mais clipes, ganhe mais público e construa uma carreira sólida.
F: Manter o foco no trabalho com a banda e para 2018 preparar um disco novo.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
N: Cada entrevista tem seu, porque de ser… obrigado por todas as perguntas. Foi completa.
Di: Gostaria que me perguntassem qual é a explicação para a letra de “Velhas Teorias Sobre o Sol”, e eu diria: “É uma grande viagem que começa com Londres no século XVIII”.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
N: Sem música. O silêncio é uma prece e o ambiente é a música. Um forte abraço e sorrisos trocados entre os entes e amigos queridos. Se me for possível assistir isso estarei realizando uma passagem feliz e tranquila.
Di: "Live and Let Die" dos The Beatles.
F: "Life's a Gas", dos Ramones. Mas gostaria, inclusive, que as pessoas cantassem e bebessem, para brindar minha partida da mesma forma que eu brindo a minha vida.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos ao som do single “Sol Sem Fogo”…

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