A cantora e compositora dinamarquesa Agnes Caroline Thaarup Obel, estreou-se finalmente em Portugal. Dia 25 de Junho de 2017, Agnes Obel subiu ao palco do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa. O Ouvido Alternativo esteve presente e ficou rendido. Avaliando pela reacção do público, não fomos os únicos...
Precisamente há hora marcada (21h30), o músico belga Boris Grönemberger, subiu ao palco. Em formato one-man-band apresentou as suas músicas/composições, num momento morno e pouco entusiasmante. Finalmente, aproximadamente às 22h30, deu-se o encontro de Agnes Obel com o público português. Na bagagem a pianista dinamarquesa, actualmente sediada na Alemanha, trazia o seu terceiro LP, Citizen of Glass, editado no ano passado. O palco apresentava-se despido de artefactos, apenas umas projecções desfocadas do próprio palco. Mas no fundo tudo o que interessa, encontrava-se em cima do palco. Referimos-nos aos músicos e aos instrumentos. Acompanhada por três brilhantes multi-instrumentistas femininas vestidas de branco. Presentearam-nos com as melodias extraídas de violoncelos, bateria, xilofone, pianos, cítara (mini harpa) e ukulele. Toda esta presença instrumental, serviu para dar corpo e densidade à belíssima sonoridade de Agnes.
Logo a abrir, o tema que dá título ao mais recente disco, "Citizen of Glass", e foi precisamente nesse álbum que se centralizou o concerto. Do novo disco podemos ouvir temas como "It's Happening Again", "Stone" e "Mary".
Durante o concerto é impossível não destacar a delicada, por vezes sensual e misteriosa voz de Agnes, por breves momentos vem-nos à memória a finlandesa Björk. O cenário convida-nos a entrar num verdadeiro conto de fadas. Os dois primeiros discos não foram esquecidos, o brilhante Aventine (2013), foi revisitado em temas como "Dorian", "Fuel to Fire" e "The Curse".
As emoções apoderam-se de nós, por vezes sentimos-nos num limbo entre paixão e solidão, entre delicadeza e intensidade. A música de Agnes Obel tem essa capacidade de nos fazer viajar. Fechamos os olhos e por instantes deixamos de existir enquanto seres terrestres, abrimos novamente os olhos, fitamos o palco e estamos à porta do paraíso rodeado por três anjos (músicos), que nos abraçam e nos fazem sentir, por vezes sofrer, por vezes amar, mas sentir tudo aquilo que, mais do que tocar, interpretam. À entrada do firmamento deparamos-nos com um arcanjo que nos convoca a entrar no seu mundo, a melodia da sua voz e os sustenidos do seu piano fazem-nos acreditar que se o céu soar assim, o paraíso existe.
Antes do encore o concerto termina ao som da intensa "Stretch Your Eyes". O público aclama, entusiasmado e apaixonado. A dinamarquesa, regressa ao palco, como sempre bem acompanhada pelas três músicas que a acompanham, provenientes da Bélgica, Inglaterra e Canadá. Num pequeno à parte, na música não existem barreiras nem separações, a música tem a capacidade para reunir, porque no fundo, é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa.
O encore foi totalmente dedicado ao disco de estreia Philharmonics (2010), ao som de "Riverside" e da impactante "On Powdered Ground". O público levantou-se e aplaudiu, avaliando pela reacção geral, foram para suas casas de alma cheia, rendidos ao talento de Agnes. A estreia em Portugal tardou, mas quando chegou não deixou ninguém indiferente.
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