sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Conversas d'Ouvido com Negro Leo

Entrevista com o cantor e compositor brasileiro Leonardo Campelo Gonçalves, conhecido simplesmente como Negro Leo. O músico proveniente do Maranhão, é uma voz proeminente e interventiva na actual MPB (música popular brasileira). Este ano editou o seu sétimo disco, Action Lekking. A sua música já mereceu a atenção de Iggy Pop, que o incluiu no programa "Iggy Confidential" para a rádio BBC, a sua voz chega agora ao Ouvido Alternativo, para uma conversa descontraída e sem filtros...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Negro Leo: Ouvindo minha mãe cantar as músicas da Motown no estilo "It's Automatic" dos Freestyle.

Como surgiu o nome Negro Leo?
Da força ancestral e atual de todos os pretos do mundo.

Após anos a viver no Rio de Janeiro, mudaste-te nos últimos tempos para São Paulo, a nível musical já identificaste algumas diferenças entre as duas cidades?
Em São Paulo as cenas são mais estanques, no rio rola mais "suruba".
Negro Leo - "Action Lekking"
Editaste recentemente o disco “Action Lekking”, para quem ainda não ouviu o que pode esperar?
Pode esperar requebrar legal. (risos)

Parece-nos que a tua música se reveste de uma mensagem social, olhando para o Brasil actualmente, quais as tuas principais preocupações?
O Brasil estava rumando para o eixo asiático com os BRICS, agora com os EUA patrocinando mais um golpe (ver Wilson Center) a tendência é voltarmos para a pilhagem em alta voltagem. O governo atual está desmontando em um ano tudo o que foi construído nos últimos 14 anos.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Eu sou muitos.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Bolinhas de gude (berlindes)

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Viagens faturadas é a maior vantagem. A maior desvantagem é não saber, todo mês, se vai ter grana para pagar o próximo aluguel.

Quais as tuas maiores influências musicais?
A música brasileira, a música norte-americana e recentemente a música senegalesa, malinense e nigeriana.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Atualmente vinil e streaming.

Qual o disco da tua vida?
Ava Patrya Yndia Yracema (Maravilha 8/ 2015).

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Lá Vem a Morte dos Boogarins.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Giovani Cidreira, Haicu, Ana Frango Elétrico, Exército de Bebês, Marcelo Callado, Pedro Dias Carneiro, etc

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Sair para "cagar" e voltar 30 minutos depois. (risos)

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Queria que desse certo com os gigantes Chinese Cookie Poets.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Para o Jorge Ben.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Já toquei na Rebel e no Oto, está bom.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Ava Rocha no Matik Matik (Bogotá, Colômbia).

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Gostava de ver Captain Beefheart, mas creio que não terei mais essa oportunidade.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Qualquer um de Omar Pene e Super Diamono.

Projectos para o futuro?
Lançar o próximo disco da nossa banda Anarcogospel (Meu Reino Não é Desse Mundo).

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Porque você sempre está com os óculos remendados? Porque não sobra dinheiro para comprar novos.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"Tears For Dolphy" do Ted Curson.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Qualquer uma do Assis Valente.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Antes de terminarmos, ficamos ao som do mais recente disco, Action Lekking, que se encontra disponível para escuta através da plataforma Bandcamp.

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