sábado, 8 de dezembro de 2018

Conversas d'Ouvido com Dulcineia Enferrujada

Quais os projectos para o futuro? "Estamos trabalhando na finalização do nosso disco que iremos lançar em 2019 e estamos loucos de vontade de viajar em turnê com esse trabalho o máximo que a gente conseguir, tanto nacional quanto internacionalmente (Alô Portugal, queremos tocar aí também!)". Isto é apenas excerto da entrevista com Dulcineia Enferrujada. Duo formado por Gabriel Alyrio e Tiago Tortora, que se encontram unidos pela música e pelo amor. Nas linhas que se seguem podem desvendar mais alguns "segredos", sobre os autores do single "Mergulho Eu"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Dulcineia Enferrujada: Desde criança usamos a música como uma válvula de escape, proteção e magia para nossas vidas. Quando nos conhecemos a música foi o elo que nos uniu.

Como surgiu o nome Dulcineia Enferrujada?
O nome vem de uma música do Tom Zé ("Dulcinéia, Popular Brasileira").Tivemos muitas incertezas em relação a esse nome, mas com o passar do tempo fomos descobrindo tantos significados, estudamos um artigo que falava sobre a Dulcinea (Personagem de Dom Quixote) e sincronias que nos mostraram que tinha que ser esse mesmo o nome da banda.

No passado já viveram na Suiça, a nível musical em que medida esse país vos influenciou?
Na Suíça tivemos a oportunidade de montar um homestudio e começar a gravar nossas próprias músicas, o que fez com que a gente aprendesse muito sobre a nossa sonoridade. O facto das pessoas não entenderem português nos fez pensar em como transmitir nossa mensagem através do som (melodia, arranjo, texturas). Tivemos uma proximidade com a música electrónica, que era o que as pessoas mais ouviam nos parques, festas, rádios e passamos a produzir de uma forma mais híbrida, utilizando essa estética como recurso. 

Nestes anos em que estão juntos, quais as principais dificuldades que sentiram?
A principal dificuldade foi abandonar nossos empregos formais para nos dedicarmos a esse sonho que é fazer música profissionalmente. Termos passado 5 anos nos sentindo um pouco isolados da nossa própria cultura e decidirmos voltar para o Brasil (mesmo com as crises atuais) para darmos continuidade à nossa carreira.

Após mais de 12 anos juntos ainda têm paciência um para o outro? (risos)
Sim (às vezes não, risos). Com o passar dos anos fomos aprimorando a nossa forma de trabalho e amadurecemos nossa relação. Foi muito mais difícil no início quando as incertezas pessoais eram maiores e tínhamos que ter força para tomarmos decisões importantes, como decidir ser artista, voltar para o Brasil, etc.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Tom Zé, Adriana Calcanhotto, Portishead, Caetano Veloso, Alceu Valença, Raul Seixas e Radiohead

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Música autoral independente brasileira

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
A arte é uma grande paixão, as soluções estéticas e os processos criativos dos diferentes meios de se produzir arte. Outra grande paixão é estar em contato com a natureza, acampar, viajar, ver e comungar com a vida na forma mais natural.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Vantagem é ter uma rotina criativa, estar em contato com pessoas que admiramos pessoal e profissionalmente e a capacidade de nos emocionar com esse trabalho. Desvantagem é a instabilidade pessoal que é trabalhar com conteúdos emocionais e a falta de incentivos financeiros para que se produza música com a qualidade necessária.

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Vinil, streaming e leitor mp3. Temos uma coleção de vinis que amamos ouvir, o streaming que nos deixa conectado a tudo que tem sido produzido de mais recente e o leitor mp3 que é o que levamos pra lugares onde não temos acesso a internet.

Qual o disco da vossa vida?
"Gil Luminoso" - Gilberto Gil, as músicas nos ajudaram muito numa época difícil da nossa vida.
Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
Mateus Aleluia, o disco "Cinco Sentidos" é de uma beleza impecável.

Qual a vossa mais recente descoberta musical?
O Carlos Posada que tem uma produção musical que a gente se identifica e consideramos um dos melhores compositores da nossa geração carioca.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Fizemos um show particular numa festa de aniversário e na hora de oferecer a música final para a aniversariante, esqueci o nome dela e acabei oferencendo pro filho dela que era meu amigo, ninguém entendeu nada!

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Com a Letícia Novaes (Letrux) - A gente está pensando em chamá-la para fazer uma participação no nosso disco. 

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Montreux Jazz Festival, que foi palco de concertos históricos e tivemos a oportunidade de acompanhar de perto nos anos em que moramos na Suíça.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Foram vários, podemos destacar Os Mutantes (no Circo Voador - RJ), Mulatu Astatke (no Kaserne - BS), Sarah Reid (no Landestelle - BS) e Fabio Freire (The Bird's Eye- BS)

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Ah, são muitos. Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Xênia França, Mateus Aleluia…

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
Elis Regina, em qualquer show dela. Elis era uma cantora fantástica e era sempre acompanhada de excelentes músicos.

Têm algum guilty pleasure musical?
Ir nos Karaokês e cantar tudo que é o mais brega e popular possível! A gente sai realizado!

Projectos para o futuro?
Estamos trabalhando na finalização do nosso disco que iremos lançar em 2019 e estamos loucos de vontade de viajar em turnê com esse trabalho o máximo que a gente conseguir, tanto nacional quanto internacionalmente (Alô Portugal, queremos tocar aí também!).

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
Como foi o processo de produção do primeiro single?”
Foi um processo muito engrandecedor artisticamente. Tivemos encontros com ótimos profissionais da área, gente que já está batalhando há um bom tempo no meio, que estão nos orientando e ajudando a colocar pro mundo nossa arte. Descobrimos que além da música existe muita coisa por trás para que nossa arte consiga alcançar um público maior. Tem figurino, maquiagem, fotografia, identidade visual da banda, conceito do trabalho que estamos lançando, estratégia para lançamento, etc, etc. Cada hora nos vemos na frente de um novo desafio, que nos faz crescer pessoalmente e artisticamente.

Que música de outro artista, gostariam que tivesse sido composta por vocês?
"Vai Malandra", da Anitta, pois estaríamos facturando alto com os royalties e poderíamos investir em nossas produções e evitar um pouco nossas crises profissionais (risos).

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Credo! (risos). Preferíamos que as pessoas cantassem nossas próprias canções, seria lindo!

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Para terminarmos, ficamos ao som dos Dulcineia Enferrujada e do single de estreia "Mergulho"...

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