"Hello, it's me..." É assim, que Adele se apresenta ao público português, à sua espera tinha uma Meo Arena repleta, relembramos que as duas datas por solo nacional esgotaram em pouco mais de 24 horas. Pouco passava da hora marcada (pontualidade britânica), quando Adele surge lentamente, erguendo-se numa plataforma elevatória que a coloca num mini palco situado aproximadamente a meio do recinto e é aí que canta "Hello", primeiro single extraído do seu mais recente disco 25. Nesse momento apercebemo-nos de duas coisas, a acústica da Meo Arena está irrepreensível (ao contrário de outros concertos que já lá assistimos) e a voz de Adele é absolutamente PERFEITA.
Dirigiu-se então para o palco principal para interpretar "Hometown Glory", surgindo em fundo imagens projectadas da cidade de Lisboa, à qual se segue "One and Only". Entretanto o pano que cobria todo o palco já havia sido levantado, revelando uma mini orquestra que a acompanhava com direito a três brilhantes e discretas backing vocals. O cenário era sóbrio, simples, demonstrando que não são necessários grandes artefactos para proporcionar um grande concerto, a simplicidade tem um encanto à parte.
Neste momento Adele dirigiu-se pela primeira vez ao público, desejando um "Feliz Natal/Feliz Aniversário" a quem possa ter recebido os bilhetes como prenda nessas datas, perguntou ainda se havia alguém que estava lá contrariado e se fosse esse o caso ela esperava que dentro dos possíveis se divertissem. Se eventualmente alguém terá ido ao engano, Adele avisou desde logo que as suas músicas não são alegres, são tristes, o seu repertório contém duas músicas divertidas, que iria "despachá-las" de imediato para depois poderem chorar à vontade. "Rumour Has It" e "Water Under The Bridge", eram as tais músicas alegres, contudo não há nada na postura e na presença de Adele que seja triste, a sua beleza é indiscutível, as suas gargalhadas contagiantes, o seu sorriso luminoso, o seu olhar sincero e os palavrões que vai proferindo aqui e ali só lhe atribuem um encanto ainda maior. Após interpretar "I Miss You", explica como a convenceram a compor o tema para a banda sonora do agente secreto 007, convite que inicialmente havia recusado, mas que após ler o guião aceitou, surgindo assim "Skyfall", que lhe valeu um óscar.
Se houvessem ainda cépticos na sala, relativamente à sua impressionante qualidade vocal, Adele tratou de desfazer as dúvidas interpretando acusticamente "Million Years Ago", "Don't You Remember" e "Send My Love (to Your New Lover), nem aqui a sua voz apresentou a mínima falha. Seguiu-se a cover "Make You Feel My Love", a partir de um original do enorme Bob Dylan e "Sweetest Devotion". Entre alguns temas foi aproveitando para interagir de forma natural e espontânea com os presentes, convidou alguns fãs a subir ao palco, tirou selfies, acenou, sorriu e não deixou ninguém indiferente.
Regressou ao palco situado no centro da arena, para nos proporcionar alguns dos melhores momentos da noite, onde interpretou o tema que nos fez descobrir Adele, "Chasing Pavements", do seu primeiro disco 19, seguiu-se "Someone Like You" e a belíssima "Set Fire to the Rain", cantada sob uma "cortina de chuva". Despediu-se, mas regressou para o aguardado encore, servido no palco principal ao som de "All I Ask", da sentimental "When We Were Young" acompanhada por imagens da sua infância/adolescência e encerrou com chave de ouro com "Rolling in The Deep", cantada em uníssono por um público rendido e sob uma chuva de confetes (que continham inscrições de músicas suas).
Não podemos terminar sem algumas considerações finais, em primeiro a sua voz é de facto impressionante, aveludada, recheada de soul e repleta de sentimento, ficamos com a nítida sensação que não assistimos à totalidade do seu alcance vocal, uma vez que tudo lhe flui naturalmente aparentemente sem esforço. Em segundo uma mensagem para alguns presentes, evitem passar o concerto de telemóvel/máquina fotográfica em punho impedindo que quem se encontra atrás de vocês possa assistir ao concerto ao vivo, porque no fundo foi para isso que pagamos. Não vamos a um concerto para o assistirmos através de uma qualquer lente de smartphone, mas enfim são assim os concertos no século XXI.
Finalmente é impossível terminar sem elogiar a qualidade e a definição soberba do ecrã gigante/tela onde era projectada a imagem de Adele em palco. Conseguíamos ver todas as suas expressões faciais e imperfeições, no fundo Adele é assim mesmo, uma pessoa comum, igual a todos nós repleta de qualidades e defeitos, mas com uma voz INCRÍVEL. As suas músicas são lamechas, é um facto, mas também é certo que a história da música seria muito mais pobre se não houvessem desgostos de amor...
Sem comentários:
Enviar um comentário