domingo, 16 de outubro de 2016

Conversas d'Ouvido com Ménage

Os Ménage são uma banda luso-canadiana, formada em 2012, pelos irmãos Ferreira. bELA (voz e teclas), Fernando (voz, guitarra) e Gabriel (bateria), mais tarde ingressaram no grupo Elliot Boult (guitarra) e Dave Haskett (baixo). Regressados, recentemente de uma fantástica  digressão pela China (12 concertos) os Ménage, estiveram à conversa connosco em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido", pela voz de Fernando Ferreira...


Como surgiu a paixão pela música?
Termos sido educados em Toronto, Canadá, onde os Invernos são longos e se passam muitas horas dentro de casa, fez‐nos desenvolver um fascínio pela MTV e outros programas de videoclipes. Em pouco tempo haviam instrumentos em casa e a sala de estar tornou‐se sala de ensaio.

Como surgiu o nome Ménage?
Nunca pensei que o nome ia ser ponto de conversa com tanta frequência... é simplesmente uma palavra que pensamos, nos explica perfeitamente. A definição de Ménage é trabalhar em conjunto, em comunidade, ou membros da mesma casa. Talvez deveríamos ter pensado um pouco mais, pois cada vez que a banda é pesquisada, aparece “ménage à trois” primeiro...

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
Paixão... não. Gosto de andar de bicicleta “fixie” e o Gabriel gosta de praia. 

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Vantagem: viajar, conhecer muitos países e pessoas. Desvantagem: viajar, estar longe de casa e família. 

Quais as vossas maiores influências musicais?
Acho que crescemos com grunge e música dos anos 90... Chegamos a um ponto onde procurámos influência noutros factores da vida sem ser música.

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K‐7, Streaming, leitor mp3?
Sou um pouco tradicional relativamente a comprar música digital. Com certeza que é conveniente para o ginásio etc.. Mas gosto de ter uma peça física na mão, ver a arte do disco, o cheiro, abrir a embalagem chegando a casa... 

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Na minha opinião nada pode “matar” uma banda ao vivo ou um bom álbum de princípio ao fim. Se venho a conhecer uma música nova na rádio, sou capaz de ouvir aquele artista online, no youtube, etc. e a maior parte das vezes, infelizmente fica por aí. Se descubro uma banda, como descobri bandas como Cold War Kids, Sigur Rós, Twenty One Pilots, vou querer a edição limitada de vinil, ver ao vivo, dizer a amigos, etc. Nada tira o lugar a esse entusiasmo de descobrir um som antes da onda.

Qual o disco da vossa vida?
Tenho a certeza que nós os 3 temos diferentes versões de discos da nossa vida. Há uns anos atrás, mudei-me para Los Angeles sozinho e um pouco perdido. Por isso, tenho uma certa ligação com o som e letra do disco “Appetite For Destruction” dos  Guns N’ Roses. Tem muito haver com aquela cidade e também passei muitas horas a tocar guitarra junto com este disco.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Gosto muito do último disco da banda Twenty One Pilots. Ainda não ouvi o disco, mas actuamos cá em Portugal com a banda Um Corpo Estranho e adorei o som.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Estou presentemente em Portugal a escrever o nosso próximo disco. Todos os dias estou a descobrir músicas e bandas quando estou no carro que nunca tinha ouvido na América nem no Canadá. Tento encontrar no “Shazam” e irei revelar na próxima entrevista.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
O mês passado fizemos uma tourné na China. Três cidades, antes de terminar saltei do palco para entregar o nosso set list a um fã. Torci o  e quase tivemos que cancelar as últimas atuações. Como foi no fim da actuação, as luzes já estavam a baixar... espero k  aquelas pessoas mais próximas é que tenham notado.

Que músico/banda vos desiludiu a nível musical/ou em concerto ao vivo?
Vi os Muse na tour do disco “Absolution” na Califórnia. Adorei... talvez ainda não eram tão conhecidos na Arica naquele tempo... Fui vê‐los  uns meses atrás nesta última tour “Drones”. Um pouco seca. Claro que gostei daquelas músicas fantásticas... mas na minha opinião, faltava feeling, transpiração, demasiado playback, etc... não foi muito diferente que ouvir a música em casa. Mas, são músicos de top. Eu pessoalmente prefiro uma experiência diferente num concerto.

Com que músico gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Tenho vontade de trabalhar em colaboração num projeto hip-hop. Há vários artistas de hip-hop desde portugueses, a americanos até o Drake que também é de Toronto... Adoro muitos aspectos da música hip-hop e gostava de alterar acrescentar melodia, talvez diferentes temas de letra, etc... a minha versão de hip-hop mais egoísta. 

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Para quem for suficientemente corajoso para nos convidar. ;)

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Temos a sorte de ter actuado em sítios e países muito interessantes, mas já assisti a concertos no Coliseu de Lisboa e essa sala sempre ficou aqui dentro como um sonho no futuro... gostei do som, do ambiente, público, tudo. Claro que o festival Reading, em Inglaterra, Meo Sudoeste, Burning Man, estão na lista, mas sempre tivemos uma regra desde o princípio: se a audiência for em maior número do que nós no palco, nós actuamos.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Muito difícil de dizer... Há mais que um por diferentes razões. Não é por isto ser entrevista portuguesa, mas adorei a Mariza ao vivo em Toronto. Não sou o maior fã, mas vi um ensaio dos Foo Fighters em Los Angeles com talvez 100 pessoas, que também foi uma experiência inesquecível. Mas o top... sem dúvida, foi o meu irmão a levar-me para ver Guns N' Roses, quando tinha talvez 10 anos de idade, o meu primeiro concerto.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Pessoas que me conhecem já me disseram que eu devia ver os Flaming Lips ao vivo. Gosto da banda, nunca vi ao vivo e muitos à minha volta criaram a curiosidade.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostavas de ter estado presente?
Woodstock. Sem dúvida, tanto talento e história num só palco. Nunca mais vai acontecer nada parecido.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Glam Rock dos anos 80. Não os clássicos, aquelas bandas de ter vergonha de estar a ouvir, quando se está no semáforo.

Projectos para o futuro?
Um festival no Canadá em Novembro. 2017 vai começar com uma tour na Europa, a começar em Londres. Não pensamos muito longe no futuro. Há tanta mudança de planos, mais vale só pensar em amanhã. Compor o nosso melhor, sincero e no momento.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
Qualquer pergunta sobre guitarra, gostava um dia de escrever um blog a opinar sobre guitarras e amplificadores. Sou um pouco viciado. Perguntem-me qual é a minha guitarra preferida, estes dias. Responderia uma vintage Fender Jazzmaster, mas estou com o olho numa "White Falcon" da Gretsch.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos ao som da belíssima cover que os Ménage realizaram, a partir de um original dos Pixies, "Where is My Mind?"

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