quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Portugal Reviveu os Anos 90 ao Som dos Bush


Com mais de duas décadas, de atraso na noite passada, encontramos-nos com uma das bandas que marcou a nossa adolescência, os britânicos Bush. Formados em 1992, as discotecas já continham nos seus expositores discos como Nevermind, Ten, Facelift e Badmotorfinger, o grunge já se tornava no expoente máximo de uma geração. Contudo em 1994, os Bush, lançaram o maravilhoso debut Sixteen Stone e provaram que ainda havia espaço para eles. Separaram-se uma década depois da sua génese, retornaram em 2010, mas com menos fulgor. Regressaram a Lisboa, na noite passada e trouxeram com eles o fulgor do início...
 
A primeira parte ficou a cargo do power trio britânico RavenEye, que já havíamos visto, num passado recente, como banda de abertura dos Aerosmith. A banda de Oli Brown, Aaron Spiers e Adam Breeze, confirmou o que havíamos dito deles no passado mês de Junho. Energéticos, intensos e explosivos, trouxeram na bagagem o disco de estreia Nova, editado em 2016. Podemos estar enganados mas num futuro próximo voltaremos a ouvir falar dos RavenEye.
Contudo a noite era dos Bush, e assim que entram em palco são recebidos com uma ovação efusiva. Após um hiato de oito anos, os Bush regressaram em 2010, da formação original resta Gavin e o baterista Robin Goodridge, desde então os Bush contam ainda com Corey Britz (baixo) e Chris Traynor (guitarra). Esta segunda vida nunca atingiu o sucesso original, vivido na década de 90. Se dúvidas restassem, a setlist escolhida para esta noite, dissipa-as. Entre as 17 músicas que compuseram o alinhamento, apenas quatro foram extraídas dos últimos três discos. O grande destaque da noite vai mesmo para Sixteen Stone, o poderoso disco estreia, datado de 1994 e que serviu de mote à abertura com "Everything Zen". Olhamos em redor e rapidamente percebemos que os Bush são uma banda de culto, não são uma banda que tenha conquistado um novo público nos últimos anos. Os seus fãs são os que cresceram a ouvir discos como "Razorblade Suitcase", "The Science of Things" e "Golden State". Não é por isso de estranhar que a faixa etária que preenche o Coliseu dos Recreios em Lisboa, situa-se na sua maioria entre os 30 e os 40 anos.
A noite prosseguiu ao som de "The Chemical Between Us", que arrancou o primeiro coro colectivo. Os temas menos acolhidos, foram os mais recentes, como "Nurse", "Let Yourself Go" e "Peace-s", no entanto o concerto nunca esmoreceu, graças à vitalidade de Gavin, que apesar dos seus 51 anos, continua em forma como se tivesse menos vinte. A sua voz inconfundível e poderosa. Estamos a assistir a um concerto de rock, e rock a sério sem artefactos apenas com voz, guitarra, baixo e bateira, mas por vezes sentimos que não estamos no Coliseu, mas sim numa qualquer garagem nos subúrbios londrinos. Entre a intensidade e o intimismo Gavin Rossdale preenche o palco, quer seja com os seus riffs de guitarra, quer seja de microfone em punho serpenteando-se pelo palco. Durante todo o concerto a banda não se inibiu e promoveu a proximidade com o público, não foi de todo uma surpresa ver Gavin a percorrer o Coliseu pelo meio do público, quando dizemos pelo meio do público, queremos literalmente dizer pelo meio da audiência. Andou pela plateia, subiu ao balcão, acarinhou e foi acarinhado, regressou ao palco, após revitalizar energias com uma cerveja oferecida por um fã, escusado será dizer que entretanto o público estava em delírio e perfeitamente conquistado.
A brilhante "Greedy Fly", não podia faltar, à qual se seguiu o inédito "This Is War", antecedida por apelos à união e à paz mundial.
É impossível não destacar um dos momentos altos da noite, a sequência servida por "The People That We Love" e "Swallowed", que aproximavam o fim da noite. Ao nosso lado, ouvimos uma fã exclamar: "Isto é sempre a abrir???".
Este concerto, marcou o fim da digressão europeia e não encerrou sem toda a equipa de produção ser chamada ao palco para receber um aplauso do público, uma digressão tem uma grande equipa que vive na sombra e que torna isto tudo possível. Para o fim os Bush, voltam novamente ao álbum de estreia, com "Little Things". Faltava o habitual regresso e o público rendido assim o exigia, os Bush retornam para um encore onde a estrela principal é novamente Sixteen Stone, "Machinehead" abriu, seguiu-se a cover dos R.E.M. "The One I Love" cantada em uníssono. A sentida "Glycerine" surgiu com Gavin sozinho em palco de guitarra nos braços, "(...) could have been easier on you, i couldn't change though i wanted to (...) glycerine". Já com a banda reunida de novo em palco, os Bush despediram-se ao som de "Comedown", Gavin embrulhado na bandeira nacional saiu do palco e pelo menos por uma noite muitos voltaram à adolescência.
Enquanto fãs de longa data dos Bush, faltaram alguns temas incontornáveis, entre os quais destacamos a ausência das belíssimas "Letting the Cables Sleep", "Inflatable" e da poderosa "Warm Machine". Mas não se podia pedir mais de uma noite que foi acima de tudo de revivalismo e recordações, como já dizia Victor Espadinha: "Recordar é Viver" e que bem que se viveu na década de 90...

Setlist:
  • Everything Zen
  • The Chemical Between Us
  • Prizefighter
  • Nurse
  • The Sound of Winter
  • Greedy Fly
  • This Is War 
  • Let Yourself Go
  • The People That We Love
  • Swallowed
  • Alien
  • Peace-s
  • Little Things
Encore
  • Machinehead
  • The One I Love
  • Glycerine
  • Comedown

Sem comentários:

Enviar um comentário